quinta-feira, 16 de abril de 2009

.: Dia sexto:.

Os inexpressivos gestos teus são agressões gratuitas ao mundo. Eu acho que o mundo nos ama, mas quem disse que interessa o que eu acho? Tenho ficado doente das mazelas da exatidão, dos crimes da razão, e de leis que nos impomos. Não tenho sido a mesma que já tocou o alto do mais alto céu. O além para o infinito. O além do mais alto infinito... que por um instante, apenas um instante tocou. Ela, que não mais tenho sido, tem chorado em azulejos frios, secos e ríspidos azulejos. Ela, que de mim tem saído, a correr sem cabresto ou luz, sem lanterna ou aconchego, em inquietação de incompletude. Às vezes penso que ela precise de mim. Por instantes nos tocamos, temos calor e olhos ardentes, temos luz, temos tudo mais que não se pode nomear. Somos infames, não temos limites de páginas. Não temos tudo. Possuímos única e exclusivamente o nada, exatamente como se imagina por aí. Que cor é o teu nada?
Barulho. É só barulho o que faço. É só um sussurro o que escutam. Quando escutam. O que dou para o mundo ele devolve. Ocupo tanto espaço assim?
Estou cansada de não chegar. De não caber. De não querer sorrir. A indiferença, em qualquer instância também me agride. Alguma inflexão? Alguma inferência? Diga-me... Não me importo... este espaço é meu. Letra morta. Talvez brilhe quando algum ler. Entenda como queiras: os pedaços, o espaço, o vazio... aos pedaços. Me sinto uma folhinha ao vento. Uma estupidez qualquer dita numa tardinha de abril, debaixo de chuva rala, com os olhos aflitos e as questões boiando como espuma no mar.

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