quinta-feira, 10 de setembro de 2009

.: Dia vinte e um :.

A vontade que tenho é de arrancar até a última víscera, tudo muito proparoxítono e sangrento, sem vergonha de existir, sou o que mais arrepia a alma dos pequenos, sou um grito desesperado a cada instante. Sou assim de perto.
Me levantei felina, como um solo de guitarra de Eric Clapton, e fui ser irresponsável em casa. A noite foi de longas demandas, doze trabalhos de Hércules, todos perdidos no fim aos meus olhos inchados de sono e desidratação. Me estico, saio andando no vento fresco da manhã ensolarada de minha cidade, sou mais alta que os pensamentos preconceituosos, mais alta que a fumaça dos fumantes dragões modernos, mais alta que as cervejas derramadas, maior que o calor que sobe do asfalto... Caminhei de frente, peito dilascerado e feliz de ser meu, só meus pedaços, em brasa sempre. Fito as árvores, o vento ainda sopra a meu favor e por mais que eu queira descrever uma cena onde acontece tudo ao mesmo tempo, os elementos só aparecerão um após o outro, aos poucos e surgindo a cada linha que escrevo, no fim, você que me lê, considere toda a cena, sinta tudo ao mesmo tempo, que é assim que quero mostrar e ferir.
Golpes e mais golpes em vão, pernas ao vento, esperneio, continuo caminhando.
Agora ando mais lentamente, as explosões passaram ao meu redor, e dentro de mim está uma calma incômoda, chutes por dentro, mas sem o contentamento de vida, são violentos e dolorosos...
Estou desagradável agora, não quero falar com quem me cumprimenta. Meu querer é agressivo e sem conveniências. Nem para mim elas existem.
Experiência poética. É o que estou fazendo agora, todo o processo documentado, toda a turbulência. Demasia, exagero, deturpação, gritaria, barulho. O irracional faz parte de mim também, não sou perfeição, nem desejo essa monotonia para meus dias. Estou possessa e os pontos surgem em meu texto, meus olhos estão doloridos, minha boca secou, minha cabeça vai explodir, explodir, explodir, explodir, não sei mais digitar essa palavra e nem palavra nenhuma, elas se tornaram sensíveis demais para o que sinto agora, e não interessa o que é sentido agora, o que interessa é a cor toda que irradiam meus olhos. Meus olhos.Inchados e caídos diante de um espelho que me reflete menor e mais magra. Magricela.
Talvez tudo caia por terra, e meu destino seja o inconstante eterno e extremista. Notas musicais que se agrupam e ferem a pele alheia. São as notas musicais do Alecrim.

Ai!

Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta vida, preciso demais desabafar!

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