terça-feira, 2 de junho de 2009

.: Dia doze :.

Os passos não são firmes e a conduta é imoral. O lixo, as horas e a dor não consomem nenhum pedaço da carne quente e sempre disponível. Sempre que se pode. Sempre que se quer. As possibilidades, de tão infinitas, deixam de caber neste verivérbio, neste vocábulo inflexível, nesta arena de pedra que é a indecisão. Elas são mais, e tudo. O corpo febril ateia fogo às imagens redutoras, e o sentido está sempre em movimento, em toda parte, em lugar nenhum, em paradoxos pobres e ansiosos de mostrar alguma coisa sem nome ou forma. Mas carregados de ansiedade, tremendo de vontade flamejante.
Meu nome é o nome de todas as mulheres, meus desejos os de todas, desejo todas, desejo de todas, iguais. Meu nome é aquele escrito na carta amassada tantas vezes, cheia de suor de mãos ansiosas, frenesi de ansiedade ou tremor de paixão, impaciência de desejo, amor. Meu nome é o mais alto grito na noite escura da noite escura, o mais forte dito nos bares cheios de amargura e separação, o mais bêbado numa boca dormente e com gosto de sangue. Eu sempre serei ela. Meu nome é o não dito para não causar constrangimento, é o queimado junto às cartas antigas, é o que estava tatuado no braço esquerdo, perto do coração e foi coberto por outras imagens abstratas e doloridas. O meu nome é o mais belo, é de flor, é o que fica na caixa de entrada de emails antigos, o meu nome é forte e eterno. Meu nome fica na profecia da cigana, no escarro do traído, na pretensão do apaixonado, no temor do cauteloso, na garganta da mulher deixada, no gemido de prazer noturno. O meu nome não pode ser dito. Eu não sou.
Dia doce: não te direi meu nome, grave meu rosto e as expressões que mais detenho ao te encarar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário