sexta-feira, 19 de junho de 2009

.: Dia treze :.

Eu estou sentada em um bar bem organizado, com baratas e tudo o mais que eles precisam, e daqui da pra ver o céu. O horizonte carregado de metáforas... tão colorido e pesado que fico melancólica. Professora de melancolia, tal qual esse de Um apólogo , cansada de servir de agulha pr'essas linhas ordinárias!
As luzes já amarelam as ruas neste instante e eu aqui carregando um fardo estranho e impreciso, ele se derrama e escorre escada abaixo, quase sempre escorre de meus olhos. Nunca estarei sozinha o suficiente para morrer de desgosto. Nunca precisarei de tantos para que me sinta em casa, já tenho quem me basta, já possuo aquele dom. Escrevo.
Na praça do grande poeta as prostitutas se amontoam nas esquinas, na meia luz, meia roupa, meia vida... vida de merda! Fico ainda divagando das metáforas no céu, esquecida de resto de mundo, esperando alguma coisa que não virá.
Acredito na poesia do mundo, acredito na pintura do mundo, vivo a poesia e a pintura, vivo a música do mundo nos ritmos que ele decreta, e nos que eu apreendo. Quem me diz o que é certo se esbarra a cada dois minutos num muro gigantesco. É tudo tão pequeno que dói, no entanto todos preferem o pequeno, ele é aconchegante, ele dá segurança de um objetivo de vida.
Chega mais pra lá que o sangue já está quase me tocando, e eu pretendo sair daqui limpa, sem esse líquido nas mãos.
Sabe que me sinto melhor agora?
Tão inutil e bom conversar comigo.

Mais pálida e alta me levantei da cadeira imunda do bar e deixei uma poesia enrolada pela mesa.

Eu sou bem criada. Eu e minhas poesias.

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