quinta-feira, 21 de maio de 2009

.: Dia onze :. , epifania de uma hora dolorida

Minha loucura reside na órbita mais externa. Na constelação mais extravagante. Na poeira que nunca se acalma ao chão. A minha alquimia é real.

Levantei-me com os deveres já cumpridos. A respiração dolorida, pulmões vazios e inquietos, tudo atravessando os limites. Os fatos se afastaram e me resta relatar o sentido embutido em pequenas epifanias diárias, em pausas respiratórias brutais, em margaridas que brotam da parede fria. Os abraços. Sim. Os abraços que aguardo.

Me encontro sentada numa espera interminável, num vazio que me inquieta os dias todos, do primeiro ao décimo, e ainda continua, por mais que eu grite, por mais que eu esperneie e agrida a todos, é contínuo o vazio. Não tem cor. Não tem palavras. Só a necessidade latejando ininterrupta. Só a necessidade. Necessidade.

Sinto-me narrando um filme bem dramático e bem fotografado. Minha voz rouca dá um tom preciso de tédio e loucura. Talvez calma também. A película azulada traz frio, mesmo residindo na cidade mais quente do planeta. O frio fica assim metafórico. Nas cenas se passam os dias, meu acordar inerme, minhas horas em um sofá encarnado, meu caminhar na madrugada insone, a televisão ligada para fazer companhia, a comida nem um pouco saudável, para complementar o ar de solidão. Solidão só minha. Mesmo entre filhos e amores. Não doei esta parte de mim a ninguém.

O fim do filme não pensei ainda, incompleta como escolhi ser creio que vá ficar em aberto por tanto muito tempo, tanto, que as páginas serão poucas nas tentativas agônicas de complemento.



Aujurdui, Je suis vraiment désolé.

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