sexta-feira, 7 de agosto de 2009

.: Dia dezoito :.

O infinito. Dia dezoito: o infinito.
Sou rica, com a licença da palavra, como um barulho de coração. Retumbante.
Tenho neste dia as mãos atadas, a dignidade corrompida pela falta de coragem, a covardia de desistir por puro cansaço, a dor de atravessar avenidas e rios querendo voltar. Voltei. Voltei pois ninguém me seguia, ninguém testemunhava minhas intempéries ou niguém precisa disso. Não há precisão. Eu acordo de estar de acordo, não de acordar, que nada mais disso vai me corroer. Hermetismo nas palavras? Não. Basta querer se jogar e se sujar de meu sangue embutido em cada fonema.
Alterações por segundo. Mutações por milésimo. Obrigações por hora. Morte todo dia.
Vou morrendo e preciso estar conformada, não posso declarar confronto armado aos vícios comuns, não posso renegar o imposto, o anti natural... é errado e ruim. Não posso. Deturpada. Cruel.
Me traz um chá? Estou com as mãos tremendo de desespero, e preciso compartilhar a minha conduta ridícula com algum outro humano. Me sinto heterônimo pessoano, desassossêgo!
Está me incomodando o fato de nem ser noite ainda... já está tudo em silêncio ao meu redor, e nem é madrugada alta e fina. Como cetim negro. Quero olhar para o céu e sentir forças ao ver o caçador astuto e forte, aquele que estampa o negrume da madrugada, e fica ali na espreita, perfurando destinos, inatingível e real. Órion.
Com mais licença ainda da palavra, quero me retirar agora. Vou abraçar escorpião e mergulhar no horizonte. Ainda assim sem jeito depois de tudo. Ainda assim me escondendo em todas as desculpas que posso para me manter inalterada, inconstante, imprevisível do jeito que a paixão permite.

Este texto deve ser lido em voz alta pela segunda ou terceira voz que mora dentro de sua cabeça.

Agradecida.

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