sábado, 24 de outubro de 2009

.: Dia Vinte e Seis :.

O mar me devolve as perguntas que lanço a ele. O dia me persegue e se esvai em suor e palavras. As poesias me nutrem, aliviam e perturbam. O querer me abre os olhos todos os dias de manhã. A dor me faz viva, a carne me faz fraca, o sangue me jorra do juízo a cada palavra desnecessária. Existem palavras desnecessárias?
Caminhando como sempre gosto de fazer, me retiro da sala de jantar. O estômago dói a falta de um café da manhã, os olhos reclamam sono. Me deito. As pernas reclamam a falta das tuas. O frio não acontece, é dia já, e como todos os outros é quente e incômodo. Incômodo. Sufocante. Desesperador. Eu que já não sou muito de esperar fico me debatendo com as pernas para cima, uma maneira de achar que estou saindo do lugar. Me evolua por favor. A minha história acontece, perdição, a reescrevo todos os dias, o que não sou, o que não existiria nem em outras encarnações. Seria eu um reprojeto de um anterior que não deu certo? Esquece... estou delirante de sono.
Minhas personagens são todas as mesmas solitárias, apaixonadas, um tanto perdidas, devastadoras marias de manhã cedo, com cara de sono e um orgulho sem fim: se sentem perfeitas e completas em suas significâncias especializadas. São únicas e limitadas, e são felizes de serem assim. Às vezes são discretas, e quase sempre sofrem de estarem vivas.
Neste momento detenho um pequeno riso no canto do rosto:

Sofrer o estar vivo. Ha! Mais comum do que se imagina. Menos simples do que se espera.

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